Palavras Que Não Dizem Tudo
2007

Músicas
Muito Prazer - (Lula Ribeiro / Walney Costa)  
Peraí ela me disse
Eu to no meio de uma coisa 
Bem eu esperei 
Bem eu esperei 
Bem zen 
Zen nada 
Pois eu to sem 
Eu tô tao 
Total 
Eu tô e 
Ela total mente 
Peraí ela disse 
Eu tô no meio duma coisa 
O q? 
Tô no meio dum caminho 
Ok! 
Tô no meio da caminha 
O q? 
Tô no meio da metáfora 
Oq! 
Eu disse 
Bom eu tô aqui 
Peraí 
Enquanto isso 
O Joãozinho Trinta disse que 
Cada vez mais vai abolir o 
Preto 
A cor preta que 
Ele ouviu do guru da 
Shirley MacLaine que 
A cor preta é a cor da 
Insegurança 
Como você sabe meu amor 
Existe guru inseguro 

E não existe seguro 
Pra ser seguro 
E nem prejuízo maior 
Que a falta de prazer 
Nem seguro pra ter prazer 
Muito prazer 
Algum Alguém - (Lula Ribeiro / Walney Costa) 
Quantas palavras lambidas 
Quantas palavras chupadas 
Banho de língua alguma alga 
Algum alguém al gol 
Palavras metidas, mentidas 
Algum algures lugares 
As faces rosadas, risadas 
Roubadas palavras rubores 
Quantos beijos algozes 
Há gozos 
E gostos tocados 
Rumores humores vivos 
E mares de saliva por salvar 
No que eu tanto tenho 
Por tanto tempo guardado 
Com todas as palavras 
Que não dizem tudo 
Aí eu fico mudo 
E beijo o mundo 
Na tua boca e digo 

Ao teu seio 
A tua virilha 
O que eu não sei 
Dizer de outro jeito 
E o nosso abraço 
O nosso peito 
A nossa peleÉ um leito 
Que eu me deito 
Se sou aceito 
Pelo meu amor
Ladainha - (Lula Ribeiro / L.F. Leprevost)
Você vai queimar os pés 
Na terra rachada do sertão 
Espinhos de lágrimas e cactos 
São as flores desses vãos 
Teu solado é água-viva 
Vidas secas secas são 
Tua saliva é carvão 
Os lagartos mostram a língua 
Da cabra magra sobra o sino 
O ralo sangue vai à mingua 
Só promessa e procissão 
Poeira poeira poeira caatinga 
Tuas mãos calejadas de fogo 
Podem tocar o rosto agreste 
Onde o calango é irmão do homem 

E a fome é a própria peste 
Cada rastro cria um mapa 
O passo que passa é o mesmo que mata 
Ladainha de lavadeira 
Não tem poço nem posse 
Só tem prece
Milagre  - (Lula Ribeiro / Walney Costa) 
Vou ligar e religar 
Com fio nervos e oração 
A dor num ultra som 
Na fortuna de um sopro vital 
Vou curar e revoltar 
Da hipócrita política e da escravidão 
Da democracia de ocasião 
Um milagre assim 
Ter poder enfim 
Ligar corpo são mente sã verdade 
Livrar-se 
Do contágio absurdo da publicidade 
Por Causa de Você - (Tom Jobim / Dolores Duran)
Ah você está vendo só 
Do jeito que eu fiquei 
E que tudo ficou 
Uma tristeza tão grande 
Nas coisas mais simples 
Que você tocou 
A nossa casa querida 
Já estava acostumada 
Guardando você 
As flores na janela 
Sorriam, cantavam 
Por causa de você 
Olhe meu bem nunca mais 
Nos deixe por favor 
Somos a vida e o sonho 
Nós somos o amor 
Entre meu bem por favor 
Não deixe o mundo mau 
Lhe levar outra vez 
Me abrace simplesmente 
Não fale, não lembre 
Não chore meu bem
O Amor Presente - (Lula Ribeiro / Suely Machado)
No amor presente 
O corpo sente 
O coração é quente 
O olhar tem pouso 
E o corpo acessível ao toque 
Estremece, vibra, afaga, protege 
Brinca e colore a vida 
Não só com o que sente 
Mas com a primazia do corpo vivo 
Corpo cor, corpo forma 
Corpo luz, corpo amor 
No amor ausente 
A gente deita, relaxa 
E fecha os olhos 
E faz do amor ausente 
O amor presente
Você Não Tava Lá - (Lula Ribeiro / Pierre Aderne)
Você nem sabe o jeito 
Que eu fiquei 
Quando eu acordei 
E você não tava lá 
Até te procurei pelo jardim 
Dentro de mim 
Mas você não tava lá 
Nossa cama 
O chão, o teto 
O quarto e a janela 
Pra te ver chegar 
Minha mão e o coração 
Deixei a porta aberta 
Pro dia que você voltar 
Você nem sabe 
O que é amanhecer 
Sem ver você 
Sem saber recomeçar 
Me procurei sem me encontrar 
Não quis o fim 
Mas você não tava lá
Janeiros - (Lula Ribeiro)
Levanto cedo 
Pra olhar para você 
Meu querido 
Rio de Janeiro 
Onde sempre é fevereiro 
Tempo, fantasia e carnaval 
Penso bobagens 
Lamber o Pão de Açúcar 

Sem deixar nenhum torrão 
Dar abraços em seus braços 
Ó lindo Corcovado 
Oh Rio 
Natureza do Brasil 
De janeiro a janeiro 
Onde sempre é fevereiro 
Rio, Rio de Janeiro
Porto - (Lula Ribeiro / Walney Costa)
Vou partir do porto 
Que cheguei 
Vou chegar no porto 
Que parti 
Levo a vontade de vencer 
Trago o prazer de existir 
Navego o além-mar 
Sou cosmonauta 
Caminho entre astros 
Sou daqui 
Minha alma é o meu testamento 
Minha arma é o meu amor 
Enlevo a potência 
Do meu sonho 
Meu corpo 
Ofereço em esplendor 
Simples como é simples 
O desejo 
De ser um viajante amador
Mêrce de Você - (Lula Ribeiro / Ismar Barreto)
Deixe estrar e estar 
Mais a fim de perder 
Meu olhar no olhar 
E você 
Entender 
O porquê 
Te querer 
Sabe as vezes 
Por mil vezes 
Tentei é que eu 
Minha cara de cara 
Nem sei 
De repente tentei 
Mas não deu 
Como é essa coisa 
Tão louca de estar 
Meio bobo parado no ar 
E querendo pousar 
Pra te ter 
Só assim eu me sinto 
Um superstar 
E me deito 
Neste teu olhar 
Pra ficar 
A mercê de você
Desperdício - (Lula Ribeiro / Pierre Aderne / L.F. Leprevost) 
Teus vestidos não couberam em tua mala 
Tomar comprimidos é teu jeito de ser saudável 
E os quadrinhos não enfeitam a sala 
A saudade dorme calada na tua cama 
Prestes a cometer homicídio 
Os tubarões ficaram dóceis na banheira 
Mas odeiam desperdício 
Teus livros solidão organizada 
Na estante 
Teus sorrisos marcaram 
Feito mordidas o meu peito 
Eu podia ter sofrido e me descabelado 
Mas acontece que achei 
Tudo isso hilário
Paralelo - (Lula Ribeiro / Pierre Aderne / L.F. Leprevost) 
Se tiver calor se fizer dia bonito 
Azul sem nuvens céu turmalina de garimpo 
Raio de sol que me mate de sede 
Preguiça de peixe que balança na rede 
Tesão de sereia encalha na areia 
Mar vermelho que deságua na veia 
Que a loura gelada encha meu copo 
Que sua sombra sambe fora do foco 
Melhor cai em você o biquíni 
Do que na manequim da vitrine 
O verão todo é todo esse transe 
Porquê pinta bem em você esse bronze 
Mas se por acaso chover 
Céu nublar dia anoitecer 
Pára-raios para raiar no armário 
Para criar ondas dentro do aquário 
Parafina pra parafinar o chão 
Para o chão não derrapar 
Parafuso para o horário do fuso desparafusar 
Pára-quedas para não se esborrachar 
Para médico pra remediar 
Se você de tédio espirrar 
Pára-choque Paralamas pra tocar no avião 
Parafernália tropicália para criar contradição 
E o sol e o sol e o sol e o sol 
Solar 
Congênito - (Luiz Melodia)
Se a gente falasse menos 
Talvez compreendesse mais 
Teatro, boate, cinema 
Qualquer prazer não satisfaz 
Palavra, figura de espanto 
Enquanto na terra, tento descansar 
Mas o tudo que se tem 
Não representa nada 
Tá na cara que o jovem 
Tem seu automóvel 
O tudo que se tem 
Não representa tudo 
O puro conteúdo é consideração 
Quem não vê 
Não goza de consideração 
Quem não vê 
Então, sai a consideração
O Trapézio e o Chão - (Lula Ribeiro / Pierre Aderne)
Em cima da corda bamba 
Todo mundo balança 
Mas ninguém quer pular 
O palhaço que chorou começa 
A ter esperança 
Mas não quer se arriscar 
A cabeça a rodar o mundo 
Mas os pés no picadeiro 
Ainda querem o chão 
Perigo e medo 
Rondam o trapézio 
Só falta coragem 
Pra soltar a mão 
Eu me lanço 
Num jogo de sorte 
Que não valia sofrer 
Cai minha moto 
No globo da morte 
E no meio do fogo 
Aparece você
Dandá - (Lula Ribeiro / Walney Costa) 
Danda nenê 
Danda naná 
Dandá 
Há uma estrada 
Anda anda 
Anda anda e nada 
Nada nada e chega 
Danda nenê 
Danda naná 
Dandá 
Será que eu sei 
Te ensinar a chegar... 
Será que eu 
Aprendi andar... 
Será que eu sei 
Te ensinar a andar... 
Será que eu 
Aprendi chegar...
 
Ficha Técnica
SHOW GRAVADO AO VIVO NO BAR DO TOM (RJ),
EM 22 DE NOVEMBRO DE 2006
Direção: Suely Machado e Lula Ribeiro /
produzido por: Arthur Maia e Lula Ribeiro / 
Arranjos: Arthur Maia, Lula Ribeiro e músicos participantes
/ Arranjos de “Ladainha e Desperdício: Perinho Santana /
Produção Executiva: Kaco Assessoria de Comunicação 
(Fabiana Rodrigues, Aline Kaneco e Luciana Closa) /
Assistente de produção: André Cozta / Gravado,
mixado e masterizado por: Bob Nagy /
Técnico de PA: João Damaceno / Técnico 
de Monitor: André Nascimento /Roadie: Marcão
/ Projeto gráfico e Fotos: Victor Hugo
Participações Especiais: Sérgio Chiavazzolli,
Paulinho Moska e Luiz Melodia 

Cajueiros dos Papagaius
1986

Janeiros
1993

O Sono de Dolores
1996

Muito Prazer
1999

Algum Alguém
2003

Palavras Que Não Dizem Tudo
2007